Páginas da vida.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Apesar de tudo - Parte 4

Estava paralisada dentro daquela situação. Horas depois, meu pai foi enterrado. A palavra mais cruel que existe nesse planeta. A tristeza estava me corroendo ao ver, o meu herói sendo então, coberto por terra e mais terra, junto com placas de cimento...
Os anos passaram, e eu completei 18 anos. Terminei meus estudos. E ao chegar do colégio no ultimo dia, mais uma noticia trágica: minha mãe estava namorando! Há três meses atrás ela havia conhecido um moço, cinco anos mais novo que ela. Eu pensei que eles eram como mãe e filho. Porém me enganei mais uma vez. Cheguei em casa, e lá estavam os dois: abraçados, trocando diversos beijos. Eu corri para o meu quarto e me tranquei.
 "  Nunca vou perdoar minha mãe! ", pensei comigo mesma.
Ao decorrer dos dias, eu fui me adaptando com aquele namoro ridículo ! Na verdade eles pareciam um casal de adolescente e eu, definitivamente peguei nojo da minha mãe. Todas as noites, ao deitar-me perguntava para o “tal” Deus o porquê da nova situação. Sem meu pai por perto, minha mãe ficava cada vez pior! E isso me machucava, e talvez, me matava por dentro.
Passaram-se então,  dois anos, e eles obviamente completaram dois longos anos de namoro. Minha mãe tentava ser minha amiga. Tentava achar assuntos, para conversar comigo, mais eu ignorava. Realmente, eu tinha vergonha da minha mãe. Entretanto, apesar dos erros do meu pai, e dos erros da minha mãe, eu ainda amava os dois com toda a minha alma e razão.
Depois de completar dois anos de namoro, minha mãe convida  Carlos Eduardo para morar em casa. Eu não gostei da idéia, porém, o que eu poderia fazer?! Minha opinião não contava em nada...
Passaram-se então 3 meses. Eles permaneciam na mesma “ melação” e no mesmo amor... lembro -me que era um sábado. Minha mãe acordou e foi ao médico. Pensei então: “ Só pode estar grávida. “  
Cinco horas depois, ela voltou chorando, e abraçou o “tal” namoradinho. Quando vi a cena, me desesperei e perguntei o que havia acontecido. Ela me explicou e disse que tinha a mesma doença que levou o meu pai para longe. A mesma doença que ofereceu para o meu pai a morte...
Eu analisei a situação e comecei a chorar. E agora? Minha família,  acabou.  E com certeza minha mãe não vai sobreviver, por que segundo ela, a leucemia, não reagiria aos tratamentos. Isso que matava aos poucos. Eu ficaria com quem?! Minha base estava desfazendo-se. E eu, estaria sozinha no mundo.
Lembro-me então que passaram apenas  dois meses, e minha mãe partiu. A dor foi tanta que eu entrei em depressão. Porque estava sozinha no mundo. Observava Carlos em volta do caixão, e não compreendia o porquê de tudo aquilo... Minha vida havia acabado, quando a cena se repetiu. Quando eu vi a minha mãe sendo levada para baixo de um buraco sufocante e sem volta. Quando eu vi a mesma, desaparecendo, por debaixo de terra e mais terra...
Agora eu não sei o que fazer. Não sei o que sentir. Não sei para onde ir. Minha mãe estava, no mesmo lugar que o meu pai. Ou então, os dois não estariam em lugar algum. Eu só queria que eles estivessem comigo. Protegendo, como sempre fizeram nos últimos anos... Eu só queria os meus pais. Só queria a minha única proteção. A minha única saída. Os conselhos e as palavras, vindas do coração querendo o meu bem. Porém agora, eu não tenho mais... Não tenho mais nenhuma dessas palavras de carinho ou de esperança. Não tenho mais os dois dizendo entre eles:
- “Nossa menina está crescendo e ficando cada vez mais linda.”
Eu simplesmente, não tenho mais razão para viver, porque a vida só me ofereceu a dor e a decepção. Eu não tenho mais motivo para tentar seguir em frente. Não tenho mais nada.
Então, depois de horas caminhando e refletindo no cemitério eu voltei para a casa e observei Carlos, na sala, jogado ao sofá, não perguntei nada e fui para o meu quarto. A angustia me pegou. E o tempo foi passando...

3 comentários:

Anônimo disse...

Queor o próximo capítulo, com quem ela deve ter ficado, com o Carlos?


bjs!

Anônimo disse...

Boa quarta-feira querida ;*

Arnoldo Pimentel disse...

Tem selos de presente pra você no meu blog
Ventosnaprimavera.blogspot.com
Beijos